O Sr. STEFANO AGUIAR (PSD-MG) pronuncia o seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, aproveito as comemorações do Dia Internacional da Juventude, para alertar sobre uma doença gravíssima que assombra nossos jovens: a depressão.

Eu não queria ser um portador de más notícias, mas os números não mentem: um em cada cinco jovens entre doze e dezoito anos sofre de depressão. Segundo a Associação Brasileira de Psicanálise, cerca de dez por cento dos adolescentes brasileiros foram diagnosticados com a doença.

A depressão é uma doença grave, caracterizada pela perda ou diminuição de interesse e prazer pela vida, gerando angústia e prostração, sem nenhum motivo evidente. No jovem, e especialmente no adolescente, é mais difícil caracterizá-la, porque exige dos pais atenção a sintomas como: queda nas notas na escola, desinteresse nas atividades diárias, tristeza, mudanças de humor, ansiedade, agitação ou falta de energia.

Ora, esses são sintomas que parecem normais a qualquer jovem ou adolescente e, portanto, quase impossíveis de serem identificados pela família.

Não se trata aqui de uma tristeza passageira, mas de uma doença séria, de um desespero. O jovem deprimido experimenta amargura, desencanto, perde a esperança na vida, e pode procurar amenizar sua dor nas drogas ou, até pior, imaginar que a solução é o suicídio.

E infelizmente, o suicídio é uma solução que os jovens procuram, senhoras e senhores. Entre 2006 e 2015, a taxa de suicídio entre adolescentes brasileiros aumentou vinte e quatro por cento. Entre jovens de quinze a vinte e nove anos o suicídio ocupa o quarto lugar entre as causas de morte.

Muitos jovens brasileiros estão desencantados. A juventude é um período da vida associado a alegrias e descobertas, mas para uma parcela dos brasileiros ela está ligada à tristeza e à morte. O jovem é obrigado a demonstrar que está sempre feliz, que sabe lidar com todos os problemas, mas, muitas vezes, não encontram apoio em casa, está desiludido com a escola ou com a faculdade.  Muitos sofrem com abusos e violência doméstica. Quando a esperança se vai, o suicídio aparece como única saída.

O uso da internet produz benefícios incontáveis, mas com ela os jovens têm acesso rápido à informação sobre métodos de suicídio, além de exposição a bullying e a comportamentos disfuncionais. 

A maioria dos profissionais reconhece que essas mortes podiam ser evitadas, mas o jovem não busca auxílio. Muitas vezes, e até por desconhecimento, os pais não estranham o comportamento do filho. A escola e os amigos ignoram ou não têm condições de oferecer o apoio necessário. Aliás, a maioria das pessoas com comportamento suicida tende ao isolamento. Como ajudá-las?

Enquanto membro da Frente Parlamentar de Combate ao Suicídio e Automutilação no Brasil da Frente Parlamentar da Juventude, sinto-me na obrigação de aproveitar o dia internacional da juventude para trazer a questão ao debate nesta Casa.

Neste dia tão importante, dia de celebração, faz-se mister pensar em um futuro que assegure à população jovem direitos e valores como educação, emprego, cultura e fé. Nossos jovens não podem ser tragados por um vazio existencial que os levem a desistir da vida. Vamos lutar por políticas públicas que acolham a todos e garantam o futuro do Brasil.