Hoje, 5 de junho, é comemorado o dia Mundial do Meio Ambiente. A mesma data é considerada, pela lei brasileira, Dia Nacional da Reciclagem. Um pouco antes, em 3 de junho, comemora-se também o Dia Nacional da Educação Ambiental.

Esta, portanto, é uma época apropriada para destacar a importância da questão ambiental neste século. Em muitas democracias, os eleitores dão mostras de considerar o assunto cada vez mais seriamente na hora de decidir seu voto. Na Europa, por exemplo, as eleições recentes levaram a um aumento expressivo da bancada verde no Parlamento Europeu.

No Brasil, diante de tantos problemas mais visíveis e urgentes, como a violência, a corrupção, e a grave crise fiscal do Estado, o debate público acaba não dando ao meio ambiente a atenção que lhe é devida. Isso só torna ainda mais útil que aproveitemos o Dia Mundial do Meio Ambiente e outras datas relacionadas para resgatar o tema; para fazê-lo presente na consciência da sociedade.

Meio ambiente não é questão acessória, não é frivolidade. Ignorar preocupações ambientais pode nos fazer perder dinheiro: a degradação do Cerrado, por exemplo, vem causando escassez de água em várias partes do país, gerando grandes custos para famílias e empresas. Maltratar o ambiente também pode nos trazer problemas de saúde: é o que acontece quando a poluição favorece a propagação de doenças. E, claro, o descuido ambiental pode até matar: foi o que aconteceu nos dois rompimentos de barragens de mineração no meu estado de Minas Gerais.

Por tudo isso, a busca por um modelo de desenvolvimento sustentável deve ser levada a sério. Os outros desafios que nosso país também enfrenta não podem justificar o descaso com a questão ambiental. A vastidão do nosso território, que abriga lindas paisagens naturais e uma imensa diversidade biológica, só aumenta nossa responsabilidade perante o mundo.

O difícil, porém, é que políticas sobre meio ambiente são de uma complexidade singular. Tome-se o caso, por exemplo, do combate à poluição plástica. A humanidade já produziu mais de 8 bilhões de toneladas de plástico desde o começo do século passado, e três quartos desse total virou lixo. Tal fato leva a uma dedução óbvia: é preciso reciclar mais.

A ideia é correta.A reciclagem, tanto de plásticos como de outros materiais,é muito importante. Mas, sozinha, não basta para resolver o problema, por vários motivos. Existem plásticos não recicláveis; mesmo os que podem ser reaproveitados nem sempre o são; e nada garante que a maior oferta de plásticos reciclados vá diminuir a demanda por plástico virgem.

Enfrentar o problema da poluição plástica exige, portanto, não só a reciclagem, mas também a produção de plásticos biodegradáveis e, claro, a mudança de hábitos de consumo. A forma ideal de combinar essas diferentes linhas de ação varia de lugar para lugar e depende, também, de tecnologias que ainda estão em desenvolvimento. Tudo isso dá ao tema uma complexidade que não se vê em outras áreas.

Outro exemplo é o do combate ao desmatamento. Recentemente, um levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nos trouxe a triste notícia de que o meu estado, Minas Gerais, foi aquele em que ocorreu a maior destruição da Mata Atlântica no período entre 2017 e 2018. Mudar essa realidade exige não só medidas repressivas, mas também o estímulo a outras atividades econômicas em lugar da produção de carvão vegetal, grande culpada pelo desmatamento em Minas.

A constatação do quanto os problemas ambientais são difíceis não nos deve paralisar, antes o contrário. É preciso que lideranças do Estado e da sociedade civil somem esforços no desenho de políticas públicas, e que elas sejam implementadas com agilidade. Isso reforça, mais uma vez, a importância do Dia Mundial do Meio Ambiente, que serve como um chamado a essa colaboração.

É um convite que também eu faço, dirigido aos colegas e às lideranças da sociedade civil. Todos os que reconhecemos a premência dos problemas ambientais devemos trabalhar juntos, em benefício de Minas Gerais, do Brasil, e do planeta.